segunda-feira, 12 de setembro de 2016

NOSSA REVOLUÇÃO !!!


O GOLPE NA AMENDOEIRA, POR ALEXANDRE MEIRA.

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Depois de um longo litígio, de um longo martírio, resta no peito dos democratas desse país a dor lancinante de um autoexílio imposto, até como forma de resistência. Talvez essa terra de violências precise da sombra protetora de uma amendoeira, revirando suas lembranças e outras alquimias. Poucos sabem, mas as amendoeiras não são daqui. Misturam-se um pouco com a própria história do Brasil. Vieram nas naus portuguesas pois serviam de contrapeso dos navios, tanto os mercantes, quanto os navios negreiros e os de combate. Ouviu portanto todas as vozes, as lamúrias e as dores. Abandonados nas praias, seus frutos espalharam-se pela costa e hoje ocupam praticamente todo o país. De sombra acolhedora, copa frondosa, e folhas grandes e abertas, tem uma característica peculiar: mudam tudo, simplesmente tudo ao seu redor. Por conta de suas raízes profundas e fortes não toleram nada que as cercam, as reduzem e as tolhem. Vencem sempre o solo duro, intolerante, aparentemente intransponível, revolvendo tudo o que há em volta, não permitindo que nada permaneça como está, muros, casas, cercas, nada permanece igual, tudo em constante transformação. Para ela não há nada o que temer. Como recompensa, de tempos em tempos, atingem sua exuberância máxima oferecendo a qualquer alma carente de sonhos sua vasta diversidade das cores, sua sombra irremediavelmente democrática, além de entregar sua semente sempre acessível e original.

*Trecho baseado na análise diálogo/discurso contida no livro "Como conversar com um fascista" de Márcia Tiburi.

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